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Utilizar a internet para prejudicar ou assustar outra pessoa, enviando mensagens vergonhosas e intimidadoras, é uma agressão!

A internet deveria ser utilizada para socialização, entretenimento, estudos e trabalhos, porém, a cada dia vemos mais a prática de ataques em ambientes virtuais, em diversas formas, atingindo crianças, jovens e adolescentes.

É nosso dever impedir que isso se espalhe e ensinar, aos nossos filhos, maneiras de se protegerem contra tais abusos nocivos.

 

O que é Cyberbullying?

O cyberbullying é o uso de meios digitais, que assume diferentes formatos:

 

  • Flaming ou provocação: transmissão eletrônica de mensagens raivosas ou rudes;
  • Assédio: envio repetido de mensagens ofensivas ou ameaçadoras;
  • Cyberstalking: ameaças de dano ou intimidação;
  • Difamação: rebaixamento, espalhando boatos maledicentes;
  • Mascaramento: fingir ser outra pessoa e compartilhar informações para prejudicar a reputação de alguém;
  • Outing: revelar informações íntimas sobre uma pessoa compartilhadas em sigilo;
  • Exclusão: promover a saída de uma pessoa de um grupo online, como uma linha de bate-papo ou um jogo, agredindo esse indivíduo.

 

Quais as principais causas?

O cyberbullying geralmente acontece em um contexto de dificuldades de relacionamento, como o rompimento de uma amizade ou romance, inveja do sucesso de um colega ou em situações de intolerância preconceituosa sobre grupos específicos baseados em gênero, etnia, orientação sexual ou deficiência.

Nestes casos, é evidente que os indivíduos que praticam esses atos, necessitam de apoio para desenvolver suas habilidades sociais e emocionais, para lidar com suas frustrações e não replicar padrões agressivos, que, muitas vezes, são inconscientes, mas demandam orientação para compreender a responsabilidade e a consequência de suas ações.

 

Qual o impacto do cyberbullying na saúde emocional e no bem-estar?

Segundo a Instituição de Ensino Superior de Cambridge, Inglaterra, as consequências do cyberbullying são idênticas a do bullying (agressão verbal ou física feita com a intenção de intimidar, ameaçar, tiranizar, oprimir, humilhar ou maltratar alguém, face a face).

 

Para as vítimas

As vítimas relatam sentir-se inseguras, experimentando falta de aceitação em seus agrupamentos, resultando em solidão e isolamento social, levando à baixa autoestima, depressão e ideação suicida.

 

Para os agressores

Os agressores também correm riscos similares. Estão mais propensos do que os não agressores a se envolverem em uma série de comportamentos antissociais e desadaptativos, possuindo maior tendência a dependência de álcool e drogas. Assim como as vítimas, também sofrem o perigo do aumento de depressão e de ideação suicida.

 

Como prevenir o Cyberbullying?

 

1) Consciência Emocional e Social

O apoio das escolas e famílias é essencial, porém é na Aprendizagem Socioemocional que está a solução efetiva.

Destacamos o programa educacional LIM, que se baseia nos fundamentos da CASEL (Collaborative for Academic, Social and Emotional Learning), líder global e uma voz confiável no campo da Aprendizagem Socioemocional, que em sua metodologia estimula:

 

  • Tomada de decisão responsável: que se refere à capacidade de resolver problemas sociais, considerando as necessidades dos outros, incluindo decisões respeitosas e moralmente aceitáveis ​​com relação a si e aos outros.
  • Habilidades de relacionamento:que se referem à capacidade de estabelecer e manter amizades saudáveis, escuta atenta, trabalhar cooperativamente, administrar conflitos construtivamente e ajudar os outros.
  • Autogestão: que se refere às habilidades de regular as próprias emoções e o comportamento.
  • Consciência social: que tem a ver com a capacidade de compreender o comportamento e as perspectivas dos outros com empatia.
  • Autoconsciência: se refere à capacidade de avaliar os pontos pessoais, fortes e fracos, mas também a capacidade de identificar as emoções e os pensamentos e como esses afetam o comportamento.

 

2) Orientações no uso da tecnologia

As escolas e as famílias podem equipar crianças, jovens e adolescentes com informações que promovam o entendimento da complexidade do mundo digital, a fim de conscientizar sobre os riscos, como também os benefícios, que vai desde bloquear o comportamento de intimidação online, até pedir ajuda quando estiver em ameaça.

Dentre essas ferramentas de proteção, destacamos um recurso do Instagram, rede social online muito utilizada na atualidade, que filtra automaticamente as solicitações de mensagens diretas que contenham palavras, frases e emojis ofensivos, para que o usuário nunca precise visualizá-los. “Esse recurso está enfocado em solicitações de mensagens diretas, pois é aqui que as pessoas tendem a receber mensagens abusivas e não na sua habitual caixa de entrada de mensagens, onde recebem mensagens de seus amigos”, explica a rede social.

Já no WhatsApp, aplicativo multiplataforma de mensagens instantâneas e chamadas de voz e vídeo, oferece a opção de bloquear ou denunciar usuários, impedindo que a pessoa indesejada consiga interagir com quem utiliza o app.

O Twitter, uma rede social e serviço de microblog, queridinho pelos adolescentes e jovens, assim como o WhatsApp, também oferece a opção de bloquear ou silenciar um usuário. O gerente de Políticas Públicas do Twitter, Felipe Magrim, deu algumas dicas valiosas. “Se você vir algo que o perturbe, se alguém estiver tentando começar uma briga ou simplesmente permanecer te incomodando, lembre-se que há muitas maneiras de resolver problemas no Twitter, como a função de silenciar ou bloquear”, diz ele.

Com a orientação da escola e da família, podemos combater o cyberbullying antes que se transforme em algo muito mais sério.

 

3) Pedir ajuda aos adultos

Sabemos que a família desempenha um papel importante na prevenção.

Monitorar e acompanhar aquilo que os filhos fazem, com quem eles conversam, por onde eles navegam, dá trabalho, mas, é essencial para prevenir o cyberbullying.

Família, não tenha receio de estabelecer limites apropriados para a idade de uso das telas e da internet.

Pesquisas mostram que a falta de monitoramento dos pais está intimamente associada a um risco maior de os jovens se envolverem, tanto no bullying tradicional quanto no cyberbullying, seja como vítima ou agressor.

Além de todo acompanhamento, ofereça um espaço seguro para que seu filho expresse, compartilhe qualquer coisa que o incomode e peça ajuda.

 

PEDIMOS UMA ATENÇÃO ESPECIAL A ESSES DADOS!

Em uma pesquisa baseada na web com jovens de 12 a 17 anos, a maioria dos quais havia sofrido pelo menos um incidente de cyberbullying, constataram que 90% das vítimas não contaram aos pais sobre suas experiências e 50% delas justificaram com ‘preciso aprender a lidar com isso sozinho’.

Os alunos também têm uma atitude bastante negativa e crítica em relação ao apoio dos professores e uma grande porcentagem considera ineficaz contar a um professor ou ao diretor da escola. Embora 17% dos alunos tenham relatado a um professor após um incidente de cyberbullying, em 70% dos casos a escola não reagiu a isso.

Precisamos ampliar a escuta e o olhar atento, permitir que nossos filhos e alunos expressem os seus sentimentos e sintam-se apoiados.

 

4) Grupos de apoio

Os jovens costumam confiar mais em seus colegas.

É natural que eles compartilhem aquilo que os incomodam, assim, a escola pode escolher alguns jovens para participar de um grupo de apoio às vítimas cibernéticas. Esses líderes, pares aos alunos, podem desempenhar um papel preventivo ao cyberbullying, conscientizando sobre o bullying na escola, desenvolvendo habilidades de empatia e compaixão entre eles, estabelecendo práticas de intervenção ao bullying e iniciativas de formação de equipes na comunidade estudantil, incentivando os alunos a se comportarem proativamente como protagonistas.

 

5) Dicas da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) para conversarmos com nossos filhos e alunos:

a) Pense duas vezes antes de publicar ou compartilhar alguma coisa na internet — isso pode continuar lá para sempre e ser usado contra você mais tarde. Não forneça detalhes pessoais, como endereço, número de telefone ou o nome da escola.

b) Na maioria das redes sociais, as pessoas não são notificadas quando são bloqueadas, restritas ou denunciadas, então não hesite em utilizar esse recurso.

c) A primeira linha de defesa contra o cyberbullying pode ser você. Pense onde o cyberbullying acontece na sua comunidade e como você pode ajudar — seja auxiliando as vítimas, denunciando os agressores, conversando com um adulto confiável, ou criando consciência sobre o problema. Até mesmo o menor ato de gentileza, pode gerar um grande impacto.

d) Se você está preocupado com a sua segurança ou com algo que tenha acontecido com você online, procure conversar urgentemente com um adulto em que você confie, ou visite o site da Safernet, para encontrar ajuda (https://new.safernet.org.br/home?field_subject_value=All&field_type_value=All&page=1).

Hoje vários países possuem um serviço de ajuda para o qual você pode ligar gratuitamente para conversar com alguém de forma anônima (Child Helpline International).

 

Lembre-se: se seu filho ou aluno for vítima de cyberbullying, não hesite em denunciar os agressores, acolhê-lo, apoiá-lo a buscar ajuda de um especialista na área de saúde emocional e tranquilizá-lo a se sentir seguro para seguir em frente.

Se seu filho ou aluno for um agressor online, não hesite em tomar as medidas cabíveis para controlar seu comportamento em ambiente virtual, assim como ajudá-lo na busca pela saúde emocional e social.

 

 

Referências

CABRAL, Alix. O que é cyberbullying? Disponível em: <https://www.unicef.org/brazil/cyberbullying-o-que-eh-e-como-para-lo>. Acesso em: 18 mai. 2023.

COWIE, Helena. Cyberbullying e seu impacto na saúde emocional e bem-estar dos jovens. Disponível em: <https://www.cambridge.org/core/journals/the-psychiatrist/article/cyberbullying-and-its-impact-on-young-peoples-emotional-health-and-wellbeing/B7DB89A2035CF347E73D21EAF8D91214>. Acesso em: 18 mai. 2023.

Egeberg G., Thorvaldsen S., Rønning JA Expectativas e experiências digitais em educação. Springer Science and Business Media LLC; Rotterdam, Holanda: 2016. O impacto do cyberbullying e do assédio cibernético no desempenho acadêmico; pp. 183–204.

Hinduja S., Patchin JW Bullying além do pátio da escola: prevenindo e respondendo ao cyberbullying. 2ª ed. Sage Publicações; Thousand Oaks, CA, EUA: 2015.

Sidera F., Serrat E., Collell J., Perpiñà G., Ortiz R., Rostan C. Bullying em crianças da escola primária: a relação entre a vitimização e a percepção de ser uma vítima. Int. J. Environ. Res. Saúde pública. 2020; 17 :9540. doi: 10.3390/ijerph17249540.

Smith P., Mahdavi J., Carvalho M., Fisher S., Russell S., Tippett N. Cyberbullying: Sua natureza e impacto em alunos do ensino médio. J. Child Psychol. Psiquiatria. 2008; 49 :376–385. doi: 10.1111/j.1469-7610.2007.01846.x.

 

Por:

Luciana Fogaça (Psicanalista, instrutora de Mindfulness e pós-graduada em saúde mental)

Adriane Imbroisi (Especialista em Inteligências Múltiplas e Aprendizagem Socioemocional)



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